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ESPECIAL: Ciclos de desenvolvimento marcam os 200 anos da colonização de Itajaí

Município desponta como polo gerador de empregos, economia forte e fomento à cultura
Data de inclusão: 12/06/2020 16:08

Especial Itajaí 160 Anos | Parte 03/03

A cidade erguida na Foz do Rio Itajaí-Açu, porta de entrada para uma das regiões mais prósperas de Santa Catarina, completa nesta segunda-feira (15) seus 160 anos de emancipação político-administrativa e 200 anos de colonização. Diante dos desafios impostos por uma pandemia global, o Município de Itajaí faz de seu aniversário um momento de homenagens ao esforço dos inúmeros profissionais de saúde, que estão na linha de frente do combate ao novo vírus. E celebra sua rica história, construída pelo trabalho de seu povo, na certeza de que brevemente a cidade seguirá no ritmo do progresso demonstrado nos últimos anos.

Sem os tradicionais eventos de comemoração, como o corte do bolo gigante, pelos bairros, o casamento coletivo, a Festa do Peixe e inúmeras outras atividades costumeiramente realizadas no mês de aniversário, a celebração dos 160 anos de Itajaí será feita por meio de um show online, que reunirá 34 artistas da cidade. A live será compartilhada no Facebook da Prefeitura neste domingo (14), a partir das 17h.

Neste ano, uma exposição online para celebrar os 160 anos de emancipação político-administrativa de Itajaí também está sendo organizada pela Fundação Genésio Miranda Lins e será publicada nas redes sociais do Museu Histórico. A mostra virtual “Itajaí 160 Anos – Você Faz Parte dessa História” busca reunir imagens que, além de contar pequenas partes da história da cidade, também narram um pouco da história de seu próprio povo.

“Desta vez, teremos que comemorar o aniversário de Itajaí de uma forma diferente, sem todas as nossas costumeiras festividades pelos bairros, sem um contato mais direto com a nossa gente, mas creio que com muitos motivos para acreditar e ter fé que venceremos, juntos, este grande desafio que ora atravessamos”, comenta o prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni. “Os aplausos, neste ano, vão para os nossos servidores, em especial aos profissionais de saúde, e para toda a população que, unida, não tem medido esforços para superarmos mais este grande desafio”, pontua Morastoni.

Como tudo começou
A história de Itajaí, um dos mais importantes municípios de Santa Catarina, se inicia a partir de uma formação étnica diversificada. À cultura indígena, somaram-se as contribuições de imigrantes de diversas etnias. O próprio nome da cidade, que já experimentou diversas variações, é herança dos tupi-guaranis: os índios chamaram de “Táahy”, “Tajay”, “Tajahug”, “Jatahy” e “Itajaí”, o rio das pedras.

A ocupação das terras de Itajaí pelo homem branco tem em seu ponto de partida o Tratado de Tordesilhas, estabelecido entre Portugal e Espanha, em 1494. No acordo, ficou compreendido que nos limites do referido Tratado, as terras do litoral catarinense até Laguna, no Sul do estado, pertenceriam a Portugal.

Assim, uma ocupação portuguesa nestes locais foi iniciada com o objetivo de defender essas terras de invasões estrangeiras e, a partir do século 17, a perspectiva de exploração de minas de ouro e pedras preciosas trouxe mais interessados em ocupar as margens do rio Itajaí-Açu.

Por aqui, um dos primeiros colonizadores foi João Dias de Arzão, um paulista que há tempo procurava minas de ouro e outros metais preciosos pelo interior do Brasil. Por isso, ele requereu e obteve uma sesmaria, às margens do rio Itajaí-Açu, para construiu uma moradia. Arzão era companheiro do fundador de São Francisco do Sul, Manuel Lourenço de Andrade, que em 1658 trouxe também toda a família para trabalhar na extração de ouro no local.

João Dias, porém, não tinha a intenção de fundar uma póvoa, nem empreendeu meios para tal. Sem sucesso na extração do metal precioso, passou a viver às margens da foz do rio Itajaí-Mirim. Naquele momento, grupos indígenas, entre os quais os Botocudos, os Tapuias e Carijós, ocuparam as terras que posteriormente seriam tomadas pelos colonizadores.

Quase cem anos mais tarde, em 1750, a chegada dos primeiros imigrantes da Ilha da Madeira e Arquipélago dos Açores daria novo impulso à colonização portuguesa. Em 1777, a invasão de uma esquadra espanhola na Ilha do Desterro, atual Florianópolis, provocaria o êxodo de comunidades luso-açorianas para o norte da então Capitania de Santa Catarina.

200 anos de colonização
No século 18, a grande atividade econômica desenvolvida nas terras de Itajaí era a extração de madeira, o que ocasionou o ajuntamento de moradores açorianos, que foram se fixando por toda a região. Em 1820, a abundância deste recurso natural motivou a chegada de Antônio Menezes Vasconcelos de Drummond, de apenas 25 anos de idade. Esse momento é um marco na história da colonização de Itajaí, que hoje completa 200 anos, pois foi quando se iniciou a distribuição de terras, construção de ruas e praças.

No século 19, o comércio ganhou destaque entre os moradores, pois o povoamento local mantinha contato com outras vilas do litoral catarinense. Numa dessas atividades de mercado, Agostinho Alves Ramos, um comerciante português, chegou pela primeira vez à foz do rio Itajaí-Açu, em 1823, onde se estabeleceu com sua mulher, Ana Maria Rita. Sócio de uma casa comercial em Desterro, ele requereu ao bispo do Rio de Janeiro a criação de um curato. O pedido resultou na criação do Curato do Santíssimo Sacramento de Itajahy e a construção da Igreja da Imaculada Conceição (Igrejinha Velha) por Simeão, escravo de Agostinho.

Em 1833, nasceu o Distrito de Itajaí, que mais tarde – em 15 de junho de 1860 – alcançaria a condição de município. Ainda nesse ano, já se encontravam fixados os primeiros colonos de origem germânica, os quais também influenciaram fortemente o desenvolvimento regional. Mais recentemente, imigrantes japoneses também passaram a integrar a rica miscigenação cultural deste importante município catarinense.

Da colonização à emancipação política
Em 1858, um grupo de destacados moradores encabeçou o movimento para a criação do município de Itajaí. Agostinho Alves Ramos não mais vivia, morrera em 1853 e fora sepultado no comércio da pequena povoação. Segundo historiadores, a emancipação política foi uma luta gloriosa, pois houve cerrada oposição da Câmara Municipal de Porto Belo, a quem a Freguesia de Itajaí estava subordinada.

A Assembleia Provincial de Santa Catarina, pela Resolução n° 464, de 4 de abril de 1859, criou o município de Itajaí, que só foi instalado em 15 de junho de 1860, com a posse dos primeiros vereadores: Joaquim Pereira Liberato (presidente), José Henrique Flores, Claudino José Francisco Pacheco, José da Silva Mafra, Francisco Antônio de Souza, Jacinto Zuzarte de Freitas e Manoel José Pereira Máximo.

Construção do porto
Relatos históricos também mencionam a importância do porto para a cidade, desde o século 19, não somente em relação ao trânsito de colonizadores estrangeiros, mas também ao forte comércio fluvial que acontecia em Itajaí. Com a construção dos molhes, as obras de ampliação dos cais foram iniciadas em 1938, com o primeiro trecho desses novos cais feitos em estrutura de concreto armado e pátios pavimentados em paralelepípedos. Dessa época é também a construção do primeiro armazém.

A complementação do cais foi feita na década de 1950, totalizando 803 metros. Os trabalhos foram divididos em duas etapas e se prolongaram até meados de 1956, ano em que também teve início a edificação do primeiro armazém frigorífico do Porto de Itajaí. Desde então, o terminal passou a diversificar suas operações, como grandes cargas de açúcar e de produtos congelados.

No século 20, outros ciclos econômicos se seguiram. A agricultura e a madeira ainda permaneceram fortes na primeira metade desse período, mas, no final dos anos 1960, o ritmo de extração da madeira começou a apresentar queda, revertendo a longa tendência de crescimento experimentada naqueles primeiros anos. Em contrapartida, cresce outra atividade econômica, a pesca, que ganha impulso a partir dos anos 1970.

A partir de então, a economia de Itajaí se diversifica. Permanece forte o trabalho no Porto e na pesca, mas há também o aumento no comércio, indústria e serviços. Em julho de 1983, a cidade e todo o Vale do Itajaí foram assolados por uma das suas maiores enchentes, em decorrência de um volume anormal de chuvas. Mas a cidade se reconstrói, fruto principalmente do trabalho incansável de sua gente.

Vinte e cinco anos depois, em novembro de 2008, toda a região do Vale foi de novo castigada com chuvas intensas, que sobrecarregaram os níveis dos rios Itajaí-Açu e Itajaí-Mirim, ocasionando outra grande enchente, que acabou derrubando grande parte do cais do Porto de Itajaí.

Um novo tempo de crescimento
Nos últimos anos, superados os desafios da reconstrução do Porto, a cidade de Itajaí vive hoje um novo tempo de desenvolvimento econômico, social e cultural. O município, o segundo PIB de Santa Catarina, e em franca ascensão, tem se destacado na construção civil e na geração de empregos.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) apontam que no período entre janeiro de 2017 e maio de 2020 foram registradas 99.059 admissões com carteira de trabalho em Itajaí. O saldo no período é positivo: 3.964 novos postos de trabalho criados.

Na área da construção naval, Itajaí começa a viver uma nova e histórica fase para a sua economia. No início deste ano, foi assinado um contrato entre a Marinha do Brasil e o consórcio Águas Azuis para a construção de quatro fragatas, que são navios de defesa de alta tecnologia.

A cidade é a primeira do país a receber um contrato na área militar do atual Governo Federal, cujos investimentos somam R$ 9,1 bilhões. O projeto será executado no estaleiro Oceana, em Itajaí, e a estimativa é que oito mil novos empregos sejam criados, sendo dois mil diretos e mais seis mil indiretos.

Recuperado, o Porto de Itajaí também apresenta um balanço mais que positivo nas suas atividades. Em 2019, o terminal registrou um aumento significativo na movimentação geral de cargas, atracações e movimentação histórica de contêineres. Outra boa notícia está nos números acumulados dos últimos três anos, que registraram o aumento de 150% na movimentação de contêineres.

Este último triênio também foi histórico para o Porto de Itajaí na movimentação de cargas, com aumento de 164%, e crescimento de 108% nas atracações. Outro destaque do complexo está nas operações de desembarque de automóveis, no sistema Roll On Roll Off. Ao todo, desde junho de 2018, foram registradas 31 atracações e o número de veículos desembarcados ultrapassa a marca de mais de 36 mil unidades.

Testes na Bacia de Evolução
Realizada com grande êxito, a primeira manobra de testes na nova Bacia de Evolução, ocorrida no dia 16 de janeiro deste ano, também marca este novo momento de crescimento para Itajaí. No início deste mês de junho, outra importante etapa de testes foi concluída, desta vez com um meganavio de 335 metros de comprimento. Outras manobras desta segunda fase de testes já estão programadas, com navios de até 350 metros.

Após complexas obras de dragagens, finalizadas graças aos investimentos do Município de Itajaí, a Bacia de Evolução é uma área de manobras para as embarcações que acessam o terminal. O local, que fica na baía Afonso Wippel (Saco da Fazenda), é onde o navio faz um giro de 180 graus, já no Rio Itajaí-Açu. Maior, esta nova Bacia de Evolução possibilitará a entrada de grandes navios, aumentando, consequentemente, a movimentação portuária em Itajaí.

Incentivo à cultura
A exemplo de seu desenvolvimento econômico e social, rica também é a história cultural de Itajaí. Nos séculos 18 e 19, as manifestações culturais da cidade estavam ligadas à religião, como quermesses, Festa do Divino, Corpus Christi, entre outras. Festas populares, como o entrudo, uma brincadeira de origem portuguesa, e o próprio carnaval também eram comuns por aqui.

Ao longo de sua história, Itajaí vai construindo sua cultura pelas mãos de músicos, poetas, escritores e atores, visto que o teatro e a música foram, por muitos anos, a atividade artística mais cultivada no município. Hoje, a cidade se destaca, inclusive, como formadora de músicos, por meio do Conservatório Popular de Itajaí Carlinhos Niehues, uma escola pública de formação musical, fundada em 2007.

Nos últimos anos, a Fundação Cultural de Itajaí se consolidou como o maior agente cultural da cidade e facilitador para produções artísticas. Além de administrar e programar os espaços culturais, ela também é responsável por lançar anualmente editais que viabilizam eventos, oficinas, workshops, espetáculos e apresentações artísticas gratuitas para toda a comunidade.

Em vários pontos da cidade, o programa Arte nos Bairros, da Fundação Cultural, oferece mais de 60 professores que ministram aulas para quase três mil alunos nos 27 cursos espalhados em quase 70 espaços. O programa, reativado em 2017, já teve a participação de quase 7,5 mil alunos em três anos.

Nos últimos três anos, 189 projetos foram aprovados na Lei de Incentivo à Cultura do município. O valor total de captação foi de R$ 3,9 milhões. Ao todo, são contemplados projetos em nove áreas culturais diferentes, como música, teatro e circo, literatura, culturas populares, dança, audiovisual, artes integradas, artes visuais e expressões afro-brasileiras. Para 2020, a LIC prevê R$ 1,3 milhão para 46 projetos contemplados.

Eventos culturais
Também neste último triênio, foram realizadas duas edições do Festival Brasileiro de Teatro Toni Cunha, uma edição do Salão Nacional das Artes, três edições do Festival Literário de Itajaí e três edições do Festival de Música de Itajaí. Nestes eventos, o público presente ultrapassou 70 mil espectadores.

Desde 2017, o Natal EnCanto marca as festas de fim de ano dos itajaienses. A programação, com desfile do Papai Noel, projeção mapeada e apresentações de um grande coro e outros instrumentistas, já foi assistida por mais de 240 mil pessoas. 

Itajaí em números:

- População (estimativa IBGE/2019): 219.536
- Área territorial: 289,215 km²
- 2º PIB de Santa Catarina (IBGE)
- Melhor cidade catarinense em urbanismo e 24ª no país (Revista Exame)
- 5ª melhor cidade do Brasil em governança (Exame/Urban Systems)
- 5º posição no ranking estadual de empregabilidade (MT/RAIS)
- 9ª melhor cidade em desenvolvimento econômico e para se fazer negócios do país (Exame/Urban Systems)
- 1º Lugar na categoria Gestão Pública no Prêmio Movimento Nacional ODS (2019)
- Crescimento acumulado de 72.48% na abertura de novas empresas, de 2017 a 2019 (SDE)

Cenário Empresarial – 2019
- Serviços: 4.141 empresas (57.9%)
- Comércio: 1.829 (25.5%)
- Indústria: 593 (8.3%)
- Construção civil: 559 (7.8%)
- Demais setores: 31 (0.5%)

ESPECIAL Itajaí 160 Anos – Saiba Mais:

Parte 1: Itajaí completa 160 anos de emancipação político-administrativa e 200 anos de colonização

Parte 2: Planejamento estratégico e qualidade na educação – a Itajaí do futuro construída hoje

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Reportagem: Romeo Nogueira
Fotos: Marcos Porto e arquivo

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